sábado, 11 de junho de 2011

LÁBREA/AM: Polícia do Amazonas prende falso médico que atuava há mais de 20 anos no interior do país

11.06.2011.

Fernando Fernandes Macedo estava há um ano e quatro meses trabalhando em Lábrea. Ele chegou a trabalhar na capital amazonense

Elaíze Farias
 
Fernando Fernandes Macedo atuava com documentos de um professor de Medicina que trabalha em Belém
Fernando Fernandes Macedo atuava com documentos de um professor de Medicina que trabalha em Belém (Divulgação/Delegacia de Lábrea)

A Polícia de Lábrea (a 701,61 quilômetros de Manaus), prendeu nesta sexta-feira (10) um homem que já se passava por falso médico há mais de 20 anos em hospitais de vários municípios brasileiros.

Segundo o delegado de Lábrea, Eleandro Granja, somente no Pará, o paranaense Fernando Fernandes Macedo, de 50 anos, trabalhou em seis cidades utilizando documentos de outra pessoa, incluindo o cadastro no Conselho Regional de Medicina (CRM) do Pará.

Ele também trabalhou no interior dos Estados de Goiás e Mato Grosso.

Há um ano e quatro meses, Macedo conseguiu um emprego no único hospital público do município de Lábrea por meio da Secretaria Estadual de Saúde (Susam). Antes, ele exerceu a função de médico na capital Manaus e em Manaquiri, no Amazonas.

Granja contou que até a promotora da cidade já havia sido submetida a tratamento realizado por Macedo.

Receita

Conforme Granja, as investigações começaram quando o verdadeiro dono dos documentos utilizados por Macedo caiu na malha fina da Receita Federal.

A Receita Federou identificou que A.S.P, médico que atuava apenas como professor em uma universidade de Belém (PA), havia recebido valores não declarados em 2010, com pagamentos feitos em Lábrea.

O professor de Medicina entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Lábrea e esta repassou o caso para a Polícia Civil, que iniciou as investigações há três meses.

Em sua casa, foram encontrados vários documentos falsificados, como Carteira Funcional de Médico, RG, CPF, Registro de Nascimento, material para falsificação, significativa quantia em dinheiro e objetos de valor.

Segundo Eleandro Granja, em seu depoimento, Fernando Fernandes Macedo disse que fazia parte de um esquema criminoso que existe no país inteiro e que é “muito fácil” conseguir carteira de médico ou falsificar e atuar.

As maiores facilidades ocorrem nos municípios do interior. Segundo o delegado, em Manaquiri, por exemplo, Macedo afirmou que chegou a atuar com a conivência do poder público.

Fernando Fernandes Macedo será indiciado pela prática de cinco crimes: exercício ilegal da medicina, falsificação de documento público, falsidade ideológica, usurpação de função pública e estelionato. Pelos cálculos de cada um destes crimes, ele pode pegar até 20 anos de prisão.

Cirrose

O delegado espera concluir as investigações na próxima terça-feira (14). Macedo continuará preso na delegacia, pois seu advogado ainda não entrou com pedido de liberdade provisória.

Para Eleandro Granja, Macedo tem chances de aguardar o julgamento em liberdade devido à sua saúde, que está bastante debilitada. O falso médico tem cirrose hepática.

Macedo também chegou a apresentar uma certificado de conclusão do curso de medicina na Pontifícia Universidade de Assunção, no Paraguai, mas cuja legitimidade gerou suspeitas no delegado.

“Era um documento não muito elaborado”, disse Granja.

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