Proposta do novo Código Penal descriminaliza uso privado de drogas
A comissão de juristas responsável pelo
anteprojeto do novo Código Penal definiu que a proposta descriminalizará
o uso de drogas. Pelo texto aprovado na manhã desta segunda-feira (28),
caberá ao Poder Executivo regulamentar a quantidade de substância que
uma pessoa poderá portar e manter sem que se considere tráfico. O
anteprojeto será submetido ao trâmite legislativo regular após a
conclusão dos trabalhos da comissão.
A quantidade de droga deve
corresponder ao consumo médio individual de cada tipo de droga pelo
período de cinco dias. A regulamentação dessa quantidade específica
ficará a cargo de órgão administrativo de saúde pública, como a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O cultivo para consumo
próprio também não será criminalizado.
A presunção de consumo
para uso pessoal é relativa. Isso significa que, mesmo portando
quantidade de droga menor que a regulamentar, a pessoa poderá ser
condenada por tráfico caso se comprove, por outros elementos, que a
substância não se destinava ao seu uso pessoal. Da mesma forma,
quantidade superior poderá ser considerada como para consumo próprio,
caso o acusado consiga comprovar essa destinação.
Crimes mantidos
Pela
proposta da comissão, continua sendo crime o uso público e ostensivo de
substâncias entorpecentes, assim como nas proximidades de escolas e na
presença de crianças e adolescentes.
A pena para esse crime será
a mesma atualmente aplicada aos usuários de drogas: advertência sobre
os riscos do consumo, prestação de serviços à comunidade e
comparecimento a cursos educativos.
Também continua crime a
indução, instigação ou auxílio ao uso indevido de droga, com prisão de
seis meses a dois anos. O compartilhamento de droga eventual e sem
objetivo de lucro, com pessoa do relacionamento do agente, também é
punível, com pena entre seis meses e um ano mais multa.
A
comissão ainda irá deliberar sobre as causas de redução de pena para o
tráfico. O restante da estrutura dos tipos penais relacionados não
sofreu alteração significativa. Na mesma sessão, a comissão também
tratou de bullying, stalking, “flanelinhas” e constrangimento ilegal para tratamento médico.
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