domingo, 30 de janeiro de 2011

Falha geológica pode ter causado desabamento

Falha geológica pode ter causado desabamento


Falha geológica pode ter causado desabamento (Foto: Adauto Rodrigues)
Partes dos andares e da caixa d’água podiam ser vistas na pista (Foto: Adauto Rodrigues)
O desabamento do edifício Real Class pode ter ocorrido por uma falha geológica que teria causado danos no estacamento, que não teria suportado a estrutura do prédio. “O solo de Belém é problemático. Há locais onde a camada é bem resistente em cima, mas por baixo é menos resistente. As estacas do prédio podem ter sido fincadas nessa camada pouco resistente, não resistiram e ocasionaram a queda do prédio. Mas é bom deixar claro que isso é apenas uma suposição minha. Apenas a perícia poderá dizer o que de fato ocorreu”, explica o engenheiro calculista Raimundo Lobato da Silva, que fez todo o cálculo do prédio que ruiu.
Ele informou ao DIÁRIO que faz visitas mensais ao prédio e esteve lá na quarta-feira passada. “Posso te dizer que prédios de concreto avisam quando estão mal estruturados ou que vão cair. Nesse caso do Real Class não havia nenhum tipo de aviso, nenhuma rachadura. Estive lá!”. O caso do Real Class é semelhante ao do desabamento do edifício “Raimundo Farias’”, que também estava em construção e desabou com 13 pavimentos, em 1987, no bairro do Reduto, matando 40 operários. “Nesse caso do Raimundo Farias, os avisos vinham acontecendo há dois anos e ninguém fez nada”, coloca.
Lobato fez sua análise a partir de imagens aéreas que viu pela televisão na tarde de ontem. “As imagens mostraram claramente que o prédio foi sugado, desabando de pé. Mas como disse, isso é uma hipótese que ainda precisa ser confirmada”, reafirma. Ele confirmou que todos os 32 andares do prédio estavam concluídos. Com 70% vendido, o Real Class começou a ser construído em 2008 e seria entregue no final este ano. Tinha 60 apartamentos, com 122 m2 e três suítes cada, vendidos a R$ 500 mil, cada. Pelos cálculos do engenheiro, o prédio teria cerca de 100 metros de altura.
Edicksson Paes, proprietário da Solotécnica, empresa apontada por diversos engenheiros ouvidos pelo DIÁRIO como responsável pela fundação da obra, disse ontem que não poderia afirmar com certeza se sua empresa fez a fundação do prédio que desabou. O empresário confirmou que a empresa dele é prestadora de serviço da Real Engenharia, mas que não tinha detalhes sobre o trabalho para a construtora e considerou precipitado repassar mais informações.
Em nota de esclarecimento emitida no início da noite de ontem, a Real Class Construção e Incorporação SPE Ltda. informa que lamenta profundamente “o infortúnio ocorrido com a sua obra, ao mesmo tempo que afirma que envidará esforços para investigar as causas do ocorrido, que se mantém acompanhando o caso, aguardando os laudos periciais e solidária aos possíveis prejudicados”.
A Assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) informou que coube à secretaria aprovar o alvará de licença após análise do projeto do prédio apresentado no início da obra. Informou ainda que essa licença só é aprovada se o projeto estiver em conformidade com a Lei de Controle Urbanístico e com o Plano Diretor da Cidade. A secretaria ressaltou ainda que não fiscaliza a obra durante a execução, mas apenas ao final, quando verifica se tudo o que foi feito está em conformidade com o previsto no projeto original. Leia mais no Diário do Pará.

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