05.06.2011.
Plantão | Publicada em 05/06/2011 às 08h43m
Zean BravoRIO – Esqueça aquela figura com passagens explosivas pela Band, Rede TV!, SBT e Record. O Jorge Kajuru que comenta notícias e bastidores do mundo esportivo diariamente no “Kajuru sob controle”, do canal Esporte Interativo, não quer mais brigar com ninguém. Pelo menos é o que garante o apresentador de 50 anos e 35 de carreira – completados agora em 2011.
- Chega de briga! Eu me magoei muito com esse meio esportivo, mas dei a volta por cima como ser humano. Hoje, percebo que tenho mais amigos do que desafetos. O meu erro foi achar que era odiado, que não teria mais público na TV – diz o apresentador, no ar há pouco mais de um ano no Esporte Interativo.
O começo no canal, em janeiro de 2010, foi atribulado. Kajuru, que já pesou 128 quilos antes de se submeter a uma cirurgia bariátrica, em novembro de 2009, entrou no ar debilitado, pesando apenas 62 quilos.
Eu me magoei muito com esse meio esportivo, mas dei a volta por cima como ser humano. Hoje, percebo que tenho mais amigos do que desafetos
- Fiz a mesma cirurgia do Faustão, que logo depois foi proibida pelo Conselho Regional de Medicina. Na época, eu também estava no ar numa afiliada paulista do SBT e achei que poderia trabalhar no Esporte Interativo. Mas estava muito mal – conta ele, hoje com 70 quilos.
A solução foi sair do ar, depois de pouco mais de três meses.
- Fiz a cirurgia para tratar a diabetes. Quando soube que ela tinha sido proibida, fiquei louco. No mesmo período, operei a próstata e perdi completamente a ereção. Também fui perdendo a visão e coloquei prótese no olho esquerdo (o direito tem apenas 12% da visão). Tudo isso num período curto. O Esporte Interativo confiou em mim mesmo doente. Mas eu não poderia ter voltado para a TV dessa forma – admite.
A cirurgia bariátrica te leva a uma depressão… Sou um cara de luta, de resistência, mas estava me entregando. Fiquei 16 dias trancado num quarto escuro. Eu me afundei, não aguentava andar do quarto até o banheiro
Sem condições de trabalhar, Kajuru preferiu se isolar em Ribeirão Preto, em abril de 2010.
- Fiz a cirurgia, mas não tive disciplina. Comia na rua e vomitava tudo. Descobri que se não tiver um acompanhamento psicológico, você cai. A cirurgia bariátrica te leva a uma depressão… Sou um cara de luta, de resistência, mas estava me entregando. Fiquei 16 dias trancado num quarto escuro. Eu me afundei, não aguentava andar do quarto até o banheiro. Achei que fosse morrer – relata.
A ajuda veio de um amigo de infância, Chain Zaher, e do ex-jogador Sócrates.
- Eles foram atrás de mim e arrombaram a porta do meu quarto. Fui para o hospital em Ribeirão Preto e fiquei três meses internado. Depois, passei mais seis meses numa clínica em Goiânia. Eu também sofro de transtorno bipolar e tomo cinco comprimidos de Carbolitium por dia – recorda, da forma mais natural possível.
Após o período de internações, que ele chama de “um parto psicológico”, Kajuru se sentiu apto para voltar ao trabalho, no fim do ano passado.
Não me arrependo do que falei. Eu só me arrependo da forma como adjetivei certas pessoas. Descobri que não preciso agredir ninguém com adjetivos pesados. Eu passava do ponto
- Comecei a rever os meus erros e percebi que minha carreira não tinha acabado. Não me arrependo do que falei. Eu só me arrependo da forma como adjetivei certas pessoas. Descobri que não preciso agredir ninguém com adjetivos pesados. Eu passava do ponto – reconhece.
Conhecido pelos desafetos públicos, como o jornalista esportivo Milton Neves – “Deletei certas pessoas” -, Kajuru hoje faz mais questão de enaltecer suas amizades do que de alimentar picuinhas. Algumas das pessoas mais queridas do apresentador estão marcadas na pele. Ele tem os rostos dos apresentadores Adriane Galisteu e José Luiz Datena e da cantora Claudia Leitte tatuados nas costas e nos braços, junto com o da sua mãe, Maria José.
- Odeio tatuagem de bicho. Quis fazer de gente que gosto – avisa.
Amiga de Kajuru há oito anos, segundo suas contas, Adriane foi colega de trabalho do jornalista e radialista no SBT.
- Ele é o maluco mais querido e do bem que conheço. Consigo entender o Jorge – diz a apresentadora, que tomou um susto quando viu seu rosto tatuado nas costas de Kajuru: – Fomos juntos para um spa. Eu com minha mãe e ele com uma namorada da época. Eu não sabia se ficava brava ou se agradecia o desenho.
Para quem o conhece, Kajuru passa longe daquele sujeito brigão do vídeo.
- Ele é uma pessoa extraordinária e bondosa. Um dos caras mais inteligentes que já conheci na TV. Se tivesse mais freio, seria o apresentador mais valorizado do Brasil – acredita Ratinho, que já aconselhou muito o amigo: – Houve um período em que algumas emissoras fecharam as portas para o Kajuru. Sugeri a ele que repensasse isso, só criticasse as pessoas quando tivesse provas do que falava. Ele concordou e disse que iria mudar. Em seguida, num programa ao vivo, desceu o cacete em vária pessoas, como antes. Quando entra no ar, Kajuru perde a noção do perigo.
Kajuru, que já apresentou no SBT o programa “Fora do ar” com mais três apresentadores – Galisteu, Hebe Camargo e Cacá Rosset -, segue contratado do canal de Silvio Santos:
- Ele queria que eu viesse para o Rio apresentar um programa policial para concorrer com o Wagner Montes (da Record). Nada contra. Mas não quero falar de estupro nessa altura do campeonato. O meu sonho é voltar ao ar em rede nacional. Mas queria ter um talk show no SBT, com plateia de universitários para fazer as entrevistas comigo.
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