03.12.2011.
Para quem vivenciou um período de trevas na democracia brasileira, em que déspotas ditavam as regras e a voz das massas era silenciada pelas armas, o voto facultado é uma mera determinação jurídica e a obrigatoriedade é uma convicção moral. É com este sentimento que a aposentada, Nadia Alves, 77 anos, vai as urnas no plebiscito do próximo dia 11, que vai decidir sobre as criações dos estados do Carajás e Tapajós.Para ela, o dever cívico não se resume à imposição, nem se curva às limitações. De outro lado, Paloma Pereira, 17 anos, sequer participou de uma eleição, mas o desejo de ver o projeto que acredita ser o melhor para o Estado vencer nas urnas são os principais motivos para ir votar.
Gerações distintas que pouco têm em comum, mas que estão unidas por uma definição da Justiça Eleitoral: para elas o voto não é obrigatório. O Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE) desobriga o voto também aos analfabetos, porém, sem contabilizá-los.
As marcas do tempo não tiraram a doçura do olhar da aposentada Nadia. Ela se mantém firme nos posicionamentos e ainda tem muito fôlego para um bom debate. Quando questionada sobre a participação no plebiscito, ela sorri e sussurra algumas palavras antes de responder em alto e bom som: “Sempre exerci meu direito ao voto, não será dessa vez que vou me acovardar”, disse.
Sem se importar com a opinião das amigas que a cercavam, enquanto aguardavam aulas de hidroginástica do grupo de idosos que participa, ela dispara opiniões, baseadas, segundo ela, nos argumentos que tem acompanhado pela TV e “pelas andanças no Estado”.
“Vou votar até o dia que minhas pernas me permitirem caminhar até a zona eleitoral”, bradou Albertina Salgado, 73 anos, enquanto se preparava para atividades culturais no mesmo espaço que Nadia. “Mais do que somar, meu voto é para protestar contra o preconceito. Quero participar de todas as decisões que vão interferir diretamente na minha vida enquanto puder”, destacou.
Entusiasmada com a oportunidade de participar de um momento histórico, a estudante do 3º ano do ensino médio, Paloma Pereira, não se conteve e partiu para organização.
ESTREIA
Procurando informações sobre os dois projetos, um contra e outro pró divisão, coordenou um debate na escola em que estuda. “Quando peguei o título eleitoral no início do ano mal sabia que iria estrear nas urnas, logo nessa eleição tão diferente. Quero um dia contar para todos que participei desse plebiscito e que meu voto ajudou a contribuir com o desenvolvimento da região”, disparou a moça.
Paloma acredita que só o exercício do voto poderá mudar a realidade do país. Para ela, não adianta os jovens se recusarem a ir às urnas apenas por ser facultado. “Temos que nos organizar sim! Acho que todos devem estar participando da vida política do nosso país. Se existe corrupção ou projetos ruins a culpa é de quem votou em político ruim. E se tratando deste memento temos que levar o maior número de paraenses às urnas”.
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