Veja a análise do Re x Pa e dos números do clássico
Consistência azulina prevaleceu no Re-Pa
O Remo foi diferente. Não repetiu a ofensividade dos volantes. Não repetiu a marcação avançada. Não teve as jogadas individuais de Thiago Marabá, cujo substituto, Léo Franco, cumpriu função tática diferente, fechando espaços no meio de campo, armando e oferecendo-se como opção eventual pelos lados. Mesmo com postura tática diferente, o Leão repetiu a consistência tática para ser superior ao Paysandu e vencê-lo por 3 x 1, com autoridade.
Além de tomar um gol, o goleiro azulino Lopes foi muito menos acionado que o bicolor Nei. Isso poderia resumir a história do jogo. Mas Sérgio Cosme resumiu melhor quando declarou que “o Remo ganhou porque foi melhor”. Ao contrário do adversário, o Paysandu não teve o avanço dos laterais. Marquinhos e Bryan foram muito tímidos. Além disso, o time bicolor teve um “buraco” entre o meio de campo e o ataque pelos posicionamentos de Sandro, recuado, e de Thiago Potiguar, pelos lados do campo. Por isso, Rafael Oliveira e Mendes tiveram que se distanciar da área para participar do jogo.
Nos primeiros minutos de jogo eram flagrantes o nervosismo e a desatenção dos zagueiros e volantes do Remo. Ao fazer 1 x 0, Rafael Oliveira se beneficiou de um cochilo de Luis André para ficar livre, dominar e detonar. Aos poucos, o Remo foi organizando o sistema defensivo, se impondo no campo todo e explorando a ofensividade de Elsinho em jogadas com Léo Franco e Thiaguinho. Assim nasceram os gols de Marlon e de Thiaguinho, ainda no primeiro tempo. Na segunda metade do jogo, o Leão se fechou e explorou os contra-ataques. Fez 3 x 1 com San e festejou uma vitória justíssima.
Tabuzinho de cinco jogos
A última vitória do Papão sobre o Leão aconteceu há 11 meses, no dia 14 de março de 2010, por 4 x 2. Nos clássicos seguintes, duas vitórias remistas (2 x 1 e 3 x 1) e três empates (3 x 2, 2 x 2, 0 x 0). Configura-se um tabuzinho de cinco jogos, que já dá barulho nas discussões de torcedores.
O próximo Re-Pa da tabela do campeonato está programado para o feriado de 1º de maio, pela fase classificatória do 2º turno. Mas os dois rivais devem se reencontrar logo em abril, na fase semifinal ou na decisão do turno. Leão e Papão já são semifinalistas. As duas próximas rodadas vão definir os outros dois classificados, numa disputa que ficou acirradíssima entre Independente, Tuna, Águia, Castanhal e Cametá, restando chances mínimas para o São Raimundo.
É importante lembrar que o primeiro e o segundo colocados desta fase levam a vantagem de jogar por dois empates na semifinal e que o líder geral terá a mesma vantagem nos dois jogos da decisão do turno.
Maior público dos últimos 13 Re-Pas
Nas arquibancadas e nas bilheterias, o Re-Pa foi um grande sucesso. Teve o maior público (35.852 pagantes e 2.260 credenciados) e também a maior renda (R$ 701.160,00) dos últimos 13 duelos Remo x Paysandu, dos últimos quatro anos.
As cotas dos clubes foram livres de bloqueio, tornando-se ainda mais expressivas. Por acordo para divisão em partes iguais, cada clube ganhou R$ 244.520,28. As despesas consumiram R$ 212.119,43 (30%). Além disso, o Re-Pa terá reflexos nas próximas rodadas. O Papão prejudicado, com torcida mínima no jogo de quarta-feira contra o Águia, na Curuzu. A Tuna beneficiada como dona de toda a renda do jogo contra o Remo no domingo, a não ser que aceite a proposta para divisão igual nos dois confrontos, pelos dois turnos.
Mudança de hábitos e civilidade
Cerca de 40 pessoas foram detidas pela Polícia no Re-Pa. Mas o evento não teve cenas de maior violência, comuns em outras épocas. A civilidade está chegando ao mundo do futebol, graças à ação conjunta das Polícias Civil/Militar e Ministério Público, além de todas as outras instituições envolvidas. A venda antecipada de 22 mil ingressos para o clássico de ontem fez parte de uma grata mudança de hábitos.
Os tumultos, os imprevistos, as falhas ainda fazem parte da história dos grandes jogos no Mangueirão. O futebol pode ainda não ser um programa de família em Belém, mas está deixando de ser pretexto para confrontos de gangs e outras formas de violência. É uma questão de justiça reconhecer e destacar o êxito das instituições públicas de segurança.
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