A inacreditável crise no Vasco, derrotado três vezes seguidas por clubes pequenos e a demissão do técnico Paulo César Gusmão ­ que aplaudiu a torcida que o vaiava ­ provocou uma única e escassa vítima: o chamado 'Clássico das Multidões', contra o Flamengo. A estréia de Ronaldinho Gaúcho, no time rubro-negro, no próximo dia dois, foi totalmente esvaziada. Estou quase apostando que o jogo, previsto para o Engenhão, terá apenas a torcida do Flamengo. E deixo a pergunta no ar: qual o torcedor cruzmaltino terá disposição para assistir a um novo fracasso, justamente diante de seu mais temível adversário? Poucos ou nenhum, respondo.

Por mais bonzinho que seja, o presidente do Vasco, Roberto Dinamite ­ acostumado a jogar em equipes vitoriosas ­ já não suporta mais a presença de Felipe, Carlos Alberto e do técnico (?) Paulo César Gusmão. Sei por outro lado que o futebol, como dizia o comentarista Benjamim Wrihgt ­ pai do comentarista José Roberto Wrihgt ­, é uma 'caixinha de surpresas'. E o Vasco da Gama, mesmo capengando e proporcionando a ira de sua torcida, poderá até surpreender o Flamengo, com Ronaldinho Gaúcho e tudo, em função da rivalidade histórica.

Mas, pelo retrospecto e pela empolgação da massa rubro-negra, nada indica que a tal ‘caixinha de surpresas’ seja aberta justamente no Engenhão. Tudo indica que será mais uma festa do Flamengo diante de seu histórico adversário. Particularmente, embora não seja torcedor de nenhum dos dois grandes clubes, lamento. E lamento muito pois estava ansioso para assistir a uma grande partida de futebol. Desde que me conheço, Flamengo e Vasco proporcionaram jogos espetaculares, desde a época em que o Maracanã estava sendo construído. Outro dia mesmo escrevi ­ não aqui na ESPN Brasil ­ sobre um Vasco x Flamengo que provocou, em 1949, a queima da camisa de Jair Rosa Pinto, na época jogando ao lado de Zizinho no rubro-negro.

Creio que o resultado disso tudo é que o Engenhão, repito, será tomado apenas por torcedores do Flamengo. E o Vasco, jogando a bolinha que está jogando, que se cuide. Poderá, perfeitamente, sofrer a quarta derrota seguida nesta Taça Guanabara e ficar fora do páreo para decidir o título do primeiro turno. O que Roberto Dinamite pode fazer? Não sei. Mas se estou no lugar dele, mandava embora Felipe e Carlos Alberto que, parece, não querem nada com a hora do Brasil. E um Campeonato Carioca sem o Vasco, venhamos e convenhamos, não é bem um Campeonato Carioca.