23.03.2011
Prédio à beira-rio assusta moradores
A construção de um prédio residencial na rua Prof. Nelson Ribeiro, no Telégrafo, está preocupando os moradores da área. A obra ainda está na fase inicial da fundação, fica ao lado de um hotel cinco estrelas e está sendo feita pela Premium Incorporação na beira do rio. De acordo com os vizinhos, o bate-estacas estremece todo o entorno, já causou rachaduras no solo e, em dias de maré alta, a água ocupa meio metro do terreno onde a construtora planeja levantar uma torre de 22 andares. Segundo a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), a obra está licenciada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e também pelo Primeiro Comando Aéreo Regional (I Comar), fato que não garante muita coisa, de acordo com o advogado e agrimensor Paraguassú Éleres. 'Obra licenciada não é sinônimo de obra segura, as licenças são concedidas mediante competência institucional, em vez de competência profissional. O desabamento do Real Class mostrou isso', adverte.
Moradores que residem em frente ao terreno e que não quiseram ser identificados revelaram que o início da construção, há quatro meses, provocou angústia em todos. 'Esse terreno não é seguro, não aguenta uma torre de vinte e tantos andares. Passa um caminhão mais pesado aqui e treme tudo, o próprio bate-estacas da obra faz isso. Se prédio que não é construído na beira do rio cai, imagina esse', desabafou um vizinho que mora há 30 anos na área. 'Não é incômodo pela obra, é preocupação mesmo, preocupação disso depois cair. Ontem, com a alta da maré, a água chegou a atingir meio metro de altura no terreno. Já pensou como vai ser com a obra pronta? O que isso vai forçar as tubulações de toda a rua e afetar as outras casas?', indagou.
Funcionário público aposentado, João Ribeiro mora há mais de 60 anos na rua José Pio, próximo ao terreno da Premium Incorporadora, e faz uma avaliação incisiva sobre a obra na beira do rio. 'Se me dessem de presente um apartamento aí, eu não queria', disse, em frente de sua casa, olhando para o local onde a torre começa a ser erguida. 'Eu queria era entender que desespero é esse de uma construtora fazer um prédio na beira do rio, em um terreno inseguro. Se construírem e depois ele cair na água, tudo bem. Mas e se ele cair e bater no hotel quando ele estiver cheio de hóspedes, como fica? Já falei com alguns vizinhos, se houver abaixo-assinado para protestar, eu assino embaixo. Não é possível que governo do Estado, órgãos de meio ambiente, quem quer que seja, não estejam vendo esse absurdo', disse, indignado.
Fonte: O Liberal
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