30.11.2011.
 
                           (Foto: Everaldo Nascimento)
Quando se trata de cuidar do  patrimônio coletivo, o cidadão paraense não é um exemplo de zelo. De  acordo com a operadora de telefonia Oi, nos dez primeiros meses de 2011,  foram danificados, por atos de vandalismo, em média 28% dos cerca de 30  mil orelhões instalados nos 144 municípios do Estado. No mesmo período,  a companhia realizou a substituição de cerca de 300 campânulas dos  telefones públicos por mês. Ainda assim, falta de manutenção e  precariedade do serviço, que raramente funciona, são as principais  reclamações dos consumidores, que não desconsideram a ação de vândalos,  mas também exigem melhorias no serviço por parte da operadora.
Quando a esposa do funcionário público  Alberto Vieira, 46 anos, foi acometida por um mal súbito, no ano  passado, a linha telefônica residencial estava cortada. O celular, sem  crédito. Na carteira, escondido, um cartão telefônico. O alívio pelo  achado não durou muito. Após sair em disparada à procura de um telefone  público, ele teve correr por algumas ruas do Jurunas e tentar mais de  sete equipamentos antes de conseguir a tão esperada ligação.
Se de um lado a operadora se queixa da  ação de criminosos, por outro a população quer a garantia de um serviço  eficiente. Depredação, pichações, acúmulo de lixo e poeira afastam o  consumidor dos orelhões. “Faz muitos anos que não funciona, serve apenas  como esconderijo do sol ou da chuva. Cansei de emprestar meu celular  para pessoas que vinham até aqui desesperadas precisando telefonar. Nem  cartão com unidades vende mais por essas bandas”, contou a comerciante  Nicéa Corrêa, 34 anos, referindo-se ao telefone em frente à sua loja, no  bairro do Guamá.
DESTRUIDOR
Um levantamento realizado pelo site de  notícias Uol apontou o Pará como o Estado brasileiro que mais destrói  telefones públicos por atos de vandalismo no Brasil, seguido de São  Paulo e Acre. Os índices foram apurados junto à Oi e à Telefônica,  principais operadoras de telefonia fixa nas 27 unidades federativas do  país e que respondem juntas por 67,3% do setor.
O morador do bairro da Cremação, Antônio  Carlos Almeida, 60 anos, possui telefone em casa, mas conta que vez ou  outra utiliza o telefone público. “Aqui você não encontra um em  funcionamento. Quando não são os moleques que destroem, ou algum  estressado por não conseguir fazer ligação, é a própria ação do tempo,  falta de manutenção e de higiene”.
A empresa Oi informou, por meio de nota à  Redação, que até outubro havia atendido 99,5% dos pedidos de reparo de  orelhões em até 8 horas. A companhia destacou que está de acordo com o  Programa de Metas de Qualidade estabelecido pela Agência Nacional de  Telecomunicações (Anatel).
A Oi recebe solicitações de reparo de  consumidores e entidades públicas, por meio do canal de atendimento 103  31. “As informações recebidas sobre orelhões danificados contribuem para  que a empresa repare os danos provocados pelo vandalismo”, ressaltava o  texto.
CRIME
Destruir orelhão consiste em crime  contra o patrimônio público, previsto no Artigo 163 do Código Penal. De  acordo com a norma, destruir patrimônio da União, Estado, Município ou  de empresa concessionária de serviços públicos (neste caso a telefonia)  ou de sociedade de economia mista, é crime.
Quem for pego destruindo orelhões é  autuado em flagrante, processado e, em caso de condenação, poderá ser  condenado a pena de um a seis meses de detenção ou pagamento de multa.
As regras da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estabelecem que, após a comunicação da depredação, a empresa tem até oito horas para efetuar os reparos no orelhão.
 
 
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