quinta-feira, 10 de março de 2011

Investigador é morto após policiais o confundirem com traficante

10.03.2011

Investigador é morto após policiais o confundirem com traficante


O investigador Tadeu Duarte Oliveira, 46 anos, morto na noite de ontem (8) durante uma operação policial em Soure, foi confundido com um suposto traficante e atingido por dois disparos, efetuados por um colega da Polícia Civil. O fato ocorreu quando uma equipe de sete policiais civis e militares fazia buscas em uma residência, localizada no bairro da Matinha, em Soure, arquipélago do Marajó, por volta das 22h de ontem (8).
Vizinhos afirmam que o local foi lavado antes da chegada da perícia (Foto: Dário Pedrosa)

Após chegar à residência, em uma pick-up Hilux descaracterizada, os policiais se dividiram em duas equipes: uma faria a abordagem pelos fundos da casa, em direção ao quintal da casa a pé, e a outra parte faria a abordagem pela frente, chegando até a viatura.

A equipe dos fundos acabou entrando na residência primeiro. Com a camisa amarrada na cabeça, o investigador Tadeu Duarte iniciava o percurso pelos cômodos da casa em meio a alguns tiros deflagrados por seus companheiros, como forma de intimidar qualquer tipo de reação.

Confundido com um dos supostos traficantes que estariam no interior da casa, Tadeu oi alvejado com dois tiros, disparados por Felipe Schmidt, superintendente regional da Polícia Civil nos Campos do Marajó. Um dos disparos perfurou o tórax do policial, no sentido da direita para a esquerda, e o outro, sua mão esquerda.

Com o tiro, o policial chegou a dar um grito antes de cair no chão da cozinha da casa. Ao perceber que se tratava de um colega, os demais policiais suspenderam fogo e partiram em socorro ao companheiro ferido, que já estava caído no chão, desfalecido.

Segundo relato de populares que acompanharam a operação, os policiais tentaram reanimar Tadeu ali mesmo, envolto em muito sangue. Foi possível perceber a comoção dos membros da equipe, que choravam sobre o corpo do colega caído. De imediato, o policial foi levado para o Hospital Menino Deus, mas já estava sem vida.

DENÚNCIA

Uma equipe do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, que estava em Soure, foi acionada para o local. Os peritos viram o corpo no hospital e dirigiram-se para o local onde o fato ocorreu. Porém, relatos dos vizinhos do local afirmam que os próprios policiais teriam lavado o local onde o fato ocorreu, eliminando vestígios de sangue.

A perícia chegou a localizar vários projéteis no local. Diversas cápsulas de balas calibre ponto 40 foram recolhidas pelos moradores nos arredores da casa. Uma das balas teria atingido a porta traseira esquerda da viatura usada pelos policiais.

O delegado de Salvaterra, Arilson Caetano, foi deslocado para Soure com o objetivo de acompanhar a situação. Na manhã de hoje (9), deslocou-se para Belém, acompanhando o delegado Felipe Schmidt, que apresentou-se na Delegacia Geral, apontando-se como o responsável pelo disparo que atingiu seu companheiro de operação.

Nenhuma pessoa teria sido localizada no interior da residência invadida, exceto os próprios policiais. Apenas uma certa quantidade de droga teria sido encontrada e conduzida a Belém para ser entregue na Delegacia Geral, juntamente com o Delegado responsável pela operação.

O proprietário da residência, Pedro Barbosa Aragão, 56 anos, não estava no local durante a incursão policial. Chegou alguns minutos depois, quando os policiais já teriam saído. Ele reclamou não ter sido comunicado pelos policiais e que nem tinha conhecimento da existência de nenhum entorpecente em sua residência, onde mora com dois outros irmãos,  de nomes Evandro e Edilson.

O corpo do investigador Tadeu Duarte foi transferido, de avião, para Belém, nas primeiras horas de hoje.

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