terça-feira, 26 de junho de 2012

Parlamentares brasileiros discutirão impeachment de Fernando Lugo

Parlamentares brasileiros discutirão impeachment de Fernando Lugo

A representação brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul) discutirá nesta tarde feira (26) a suspensão do Paraguai da instituição, integrada por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Em reunião marcada para as 15 horas, o presidente da representação, senador Roberto Requião (PMDB-PR), vai colocar em debate o impeachment do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo e sugerir aos outros integrantes do colegiado a suspensão do país do Parlasul.

O Paraguai foi suspenso neste domingo (24) do Mercosul até 2013, devido à forma como conduziu o impeachment de Lugo – o processo todo, encerrado na noite de sexta-feira (22), durou cerca de 30 horas.

A crítica dos países vizinhos refere-se ao fato de não ter sido dado direito de defesa a Lugo, condenado por mau desempenho de suas funções com respaldo da Constituição paraguaia.

Já nesta semana, o Paraguai não poderá participar da reunião de cúpula do Mercosul em Mendoza, na Argentina. A suspensão deverá ser estendida ao Parlasul, que tem reunião marcada para 2 de julho em Montevidéu (Uruguai), e também ao âmbito da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Ainda assim, Requião quer debater a medida. “Vamos apoiar a decisão da suspensão. Lugo sofreu um golpe”, disse.

Roberto Requião acredita que, na mesma reunião em que o Parlasul discutirá a suspensão do Paraguai, deverá ser debatida a inclusão imediata da Venezuela no Parlamento. “A Venezuela estava sendo vetada pelo Paraguai e economicamente ela é muito mais importante”, observou.

A reunião da representação brasileira desta terça será realizada no plenário 19, na ala Alexandre Costa, no Senado.

Relações Exteriores
No âmbito da Câmara, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional também poderá se reunir nesta terça-feira para discutir o assunto. A presidente da comissão, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), verificará a possibilidade do encontro e tentará conseguir o apoio dos presidentes da Câmara, Marco Maia, e do Senado, José Sarney, para o que considera a defesa da democracia no Paraguai.

Arquivo/ Gustavo Lima
Perpétua Almeida
Perpétua Almeida: ações têm que ser combinadas.

“A Comissão de Relações Exteriores não pode agir sozinha. As ações devem ser combinadas com os presidentes da Câmara e do Senado e com a Comissão de Relações Exteriores do Senado. Podemos puxar esse grupo, junto com o governo brasileiro, e criar uma articulação com outros parlamentos do Mercosul”, explicou.

Perpétua Almeida reafirmou sua posição contrária ao impeachment sumário de Fernando Lugo: “Ninguém em sã consciência imaginou que, em menos de 30 horas, se faria um impeachment e se tiraria do poder um governo eleito de forma popular. Nenhum método que cerceia o direito de defesa legítima pode ser considerado democrático.”

A deputada acredita que o Brasil está agindo de forma correta. Também para o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), vice-presidente brasileiro do Parlasul, as decisões tomadas até agora são as necessárias, porque o Paraguai teria descumprido acordos internacionais: “Esses acordos preveem que, quando há um atentado à democracia e ao Estado de Direito ou uma ruptura desse Estado democrático, os países devem fazer o que estão fazendo.”

*Matéria atualizada às 13h43
Reportagem - Noéli Nobre
Edição - Natalia Doederlein

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