segunda-feira, 22 de agosto de 2011

RIO DE JANEIRO/RJ: Defensoria pede esclarecimentos sobre caso de recrutas hospitalizados


22.08.2011.


Rio - A Defensoria Pública da União (DPU) vai pedir informações à Marinha, Secretaria Municipal de Saúde (SM e Hospital Naval Marcílio Dias sobre os motivos da internação dos 57 recrutas do curso de formação de fuzileiros navais. Serão pedidos resultados de exames, boletins médicos e diagnósticos dos pacientes. Tais medidas, caso cheguem ao Ministério Público (MP), podem gerar indenizações aos recrutas por danos morais e até mesmo uma ação coletiva para evitar que exageros sejam cometidos nas Forças Armadas.

Recrutas estão internados no Hospital Naval Marcílio Dias | Foto: Alessandro Costa
O Comando do 1º Distrito Naval informou, em nota, que os 57 recrutas apresentam boa evolução clínica e continuam recebendo a necessária assistência médica. A água consumida pelos jovens numa bica do Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela (Ciampa), em Campo Grande, Zona Oeste, pode ter sido a causa da infecção que levou os jovens ao hospital. Ainda não há informações sobre quando os aspirantes receberão alta.

Desde quarta-feira, dezenas de recrutas foram encaminhados ao hospital da Marinha com suspeita de síndrome respiratória e insuficiência renal. Os alunos apresentavam febre, dores de cabeça, coriza e tosse.

Ainda segundo a nota, de todos os recrutas encaminhados ao hospital, um único apresentou insuficiência renal, sendo, portanto, um caso isolado.

Água contaminada

Familiares que neste domingo visitaram jovens internados no Hospital Naval Marcílio Dias, no Lins de Vasconcelos, Zona Norte, contaram que alguns médicos da unidade teriam levantado a hipótese de água contaminada diante dos sintomas apresentados. Além disso, há a suspeita de que mais pessoas estejam infectadas por uma mesma bactéria.

Desde quarta-feira, dezenas de recrutas foram encaminhados ao hospital da Marinha com suspeita de síndrome respiratória e insuficiência renal. Os alunos apresentavam febre, dores de cabeça, coriza e tosse.

Diante da chance de contaminação, parentes dos jovens (a maioria está no soro e em observação) tiveram que utilizar máscara durante a visita. Tia de um dos recrutas, X. afirmou que um médico disse que a água da bica podia estar contaminada pela bactéria.

“Meu sobrinho também desconfia que o problema esteja na água. Na quarta-feira, ele começou a sentir cansaço, dores no corpo e febre. Também falou que outros meninos que estão no quartel devem ser encaminhados para o Marcílio Dias ainda esta semana, pois já apresentam os mesmo sintomas”.

Mãe do aluno Vinícius Felipe Gonçalves, 19, Fátima Gonçalves informou que seu filho deu entrada na unidade na sexta-feira. “Não sabemos o que está acontecendo. Ele segue com tosse e febre, mas negou que tenham sofrido algo. Pelo contrário, há pouco tempo escreveu uma carta dizendo que adorava o curso”.

Tio reclama da falta de informações

Após o período de visitas, que durou cerca de duas horas, parentes de Victor Hugo Pereira, 19, um dos que estão em estado grave, informaram que o quadro dele melhorou. “Ele já reconhece as pessoas, está lúcido e um pouco menos inchado. Mas ainda está sendo monitorado por aparelhos. Enquanto isso, ninguém (da Marinha) nos procurou para esclarecer os fatos”, reclamou o tio de Victor, Aroldo Silva, acrescentando que os familiares só foram informados do caso sábado.

Outro que deu entrada na unidade em estado grave é Leonardo Gama Rodrigues, 22. Até sábado, ele respirava com a ajuda de aparelhos e seguia no CTI.

Vítimas tomam vacina da gripe

A Secretaria Municipal de Saúde, que investiga as causas do surto junto com o Comando do 1º Distrito Naval, informou que já foram realizadas coletas de material biológico (secreção) e sanguíneo dos recrutas.

Além disso, outros alunos do curso que tiveram contato com os enfermos também receberam a vacina da gripe. Contudo, segundo a SMS, ainda é prematuro determinar as causas da infecção.

Procurada por O DIA diversas vezes no domingo, a Comunicação Social da Marinha não comentou sobre o suposto consumo de água da bica no Ciampa, as possíveis causas do problema e a existência de outros recrutas contaminados.


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