quinta-feira, 14 de abril de 2011

OUTEIRO/PA: Outeiro: muitas belezas, mas poucas conquistas

14.04.2011

Outeiro: muitas belezas, mas poucas conquistas


Outeiro: muitas belezas, mas poucas conquistas (Foto: Paula Lourinho)
O bucolismo toma conta de Outeiro fora dos períodos de alta temporada (Foto: Paula Lourinho)

O distrito do Outeiro completa nesta quinta-feira (14) 118 de fundação cantando não apenas suas belezas, mas também seus problemas. No local onde moram 60 mil pessoas, saltam aos olhos a riqueza ambiental e suas belas praias, assim como a falta de estrutura de saneamento e de segurança.

A chamada ilha de Caratateua está distante 18 quilômetros de Belém e é um dos destinos preferidos dos paraenses nas férias, feriados e finais de semana, graças às praias que são banhadas pela Baía do Guajará, como a Prainha, Praia Grande, Praia dos Artistas e a do Amor. Nos outros períodos, porém, é descrita pelos seus moradores como um lugar bucólico e que deveria ser olhada com mais carinho pelas autoridades. 

“Quem vê Outeiro, só pensa em praia. Mas fora do mês de julho, não temos muitas opções de lazer. O jeito é procurar outros lugares, como Icoaraci, para passear”, reclama Alessandra Fonseca, 16 anos, estudante. 

Por outro lado, ela destaca a calma do local.

Há aqueles que gostam de tomar um banho de rio justamente neste ambiente menos movimentado. “Acho que assim é mais fácil conseguir pegar um sol e trazer as crianças”, diz o autônomo Pedro Alvares. Ana Edilza do Carmo, 46 anos, nasceu e se criou ali. Hoje tem uma banca de venda de doces e salgados na calçada da Praia dos Artistas. Ela, porém, diz que já teve dias melhores no local.

“Na Praia dos Artistas, o acesso é difícil, a escada de descida está quebrada e os assaltos são constantes”. João Silva, 44 anos, mora no distrito há 14 anos. Ele diz que o que o atraiu foi o clima e a natureza. “A saúde é ruim, o resto é até mais ou menos. Só o transporte é horrível. Por outro lado, tem o bucolismo e as amizades”. Na comunidade Fé em Deus, a carência é grande, já que é uma área de invasão recente. “Aqui falta tudo, não tem segurança, médicos, escola, nada”.

Próximo dali em duas ruas paralelas, das Laranjeiras e das Mangueiras, a falta de asfalto e o excesso de buracos e lama dificultam a passagem de veículos. “Parece que Outeiro não existe, só aparecem aqui na hora da eleição. Esse é o presente que dão pra gente”, revolta-se Alcino Picanço.

Por outro lado, a prefeitura diz que está fazendo várias ações para melhorar a vida de quem vive no distrito. Segundo a assessoria, Outeiro conta com seis empresas que operam com sete linhas, somando uma frota operacional de 65 ônibus por dia. A prefeitura informou ainda que a Companhia de Transportes de Belém está atualizando as áreas que ainda não são atendidas com o serviço de transporte e que colocará mais linhas em Outeiro. Sobre a segurança, a prefeitura informou que a Guarda Municipal participa de operações, como a segurança nas praias do distrito nas férias de julho.

ESCOLA BOSQUE

Além das praias, o distrito possui outro símbolo que é a Escola Bosque, que valoriza a educação ambiental numa área preservada de floresta, com 12 hectares. São 2.000 alunos matriculados na escola, sendo 1.500 no ensino regular e mais 500 nos projetos pedagógicos desenvolvidos pela Fundação Escola Bosque que administra o espaço.

Segundo o presidente da Fundação, Elton Braga, a instituição mantem vários projetos como a Escola da Pesca, e unidades pedagógicas nas ilhas do Cotijuba, Jutiba e Paquetá. “A escola nasceu da luta da população da ilha para resgatar o espaço quando a ilha passou a ser ocupada a partir da década de 1980”. 

As salas estão construídas em áreas que eram degradadas, mantendo a natureza intacta.  (Diário do Pará)

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